Liberdade

De acordo com os dados dos infográficos presentes neste site, em 2010, o bairro Liberdade contava com uma população total de 41.802 habitantes, a maior parte se autodeclarou parda (52,51%) e preta (32,90%), do sexo feminino (54,41%) e se encontrava na faixa etária de 20 a 49 anos (50,75%). No que diz respeito aos domicílios, 10,14% dos responsáveis não eram alfabetizados e apesar de 37,5% estar na faixa de 1 a 3 salários mínimos, a renda média dos responsáveis por domicílio no bairro era de R$1.237,00. Já com relação a infraestrutura ofertada, 97,19% dos domicílios contavam com coleta de lixo, 99,37% com abastecimento de água e 98,84% com esgotamento sanitário.

Histórico

Texto de Jonas Oliveira Santana* e Mayara Mychella Sena Araújo**

Publicado em 24 de maio de 2021

 

A história do bairro, de algum modo, se relaciona diretamente com a história de seu nome. Por isso Leite (2012) explicita que, no decorrer de sua expansão, a Liberdade já foi denominada de várias formas, sendo nomeada inicialmente como Caminho do Sertão ou do Interior, pois era nessa área que se localizava um caminho cercado por roças e chácaras que ligavam, por terra, a cidade de Salvador as demais partes da então província da Bahia, em direção ao Recôncavo Baiano. E esse mesmo caminho servia de percursos para o deslocamento do gado vindo do interior para a capital, fazendo com que a área passasse a ser nomeada como Estrada das Boiadas1 ou dos Bois (LEITE, 2012). 

Essas representaram, de acordo com Ramos (2007), as primeiras ocupações na área do atual bairro da Liberdade, ainda em meados do século XVIII. Além disso, sob o ponto de vista dessa autora, a ida de negros libertos e ex-escravos para as proximidades dessa estrada propciou a formação de diversos quilombos2 o que intensificou o processo de ocupação da área. 

Posteriormente, já no século XIX, a área passou a ser chamada de Estrada da Liberdade, isso se deu devido aos soldados que lutaram pela independência da Bahia, em 2 de julho de 1823, terem marchado vitoriosos pela então Estrada das Boiadas, que após esse acontecimento, passou a ser chamada Estrada da Liberdade (LEITE, 2012).

Ainda de acordo com a leitura de Leite (2012), nas comemorações do “Dois de Julho”, com as participações dos moradores com figurinos de índios nos tradicionais desfiles, a então área nomeada como Estrada da Liberdade ganhou o apelido de “aldeia” e seus moradores de “índios”, e devido a isso passou a ser também conhecida como Aldeia de Índios.

Em 1918, de acordo com as informações da Secretaria de Comunicação Social (SECOM), a área correspondente ao atual bairro da Liberdade ganhou sua primeira instituição de ensino, o Colégio Abrigo Filhos do Povo3. A escola foi construída pelo comerciante Raymundo Freixeiras, na então estrada da Liberdade, tendo como objetivo atender aos mais necessitados e abrigar crianças que estavam à margem da educação formal da época. 

Ao longo de sua história, a escola contou com a ajuda e administração de diversas pessoas influentes da época. Dentre elas o educador Anísio Teixeira, o jornalista Ernesto Simões Filho, o médico e político José de Aguiar Costa Pinto, pai de Irmã Dulce, e a própria Irmã Dulce. Atualmente, em 2021, a escola encontra-se em funcionamento, administrada pela Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Salvador (SECOM/PMS, 2018). 

A partir de 1925, os moradores da área do atual bairro da Liberdade, reivindicaram ao então intendente4 de Salvador, Joaquim Wanderley de Araújo Pinho, a instalação de água, luz elétrica e bondes no bairro. Por ser uma das avenidas mais antigas da Liberdade, a Lima e Silva, foi a primeira a receber infraestrutura urbana e a concentrar os comércios e serviços da área, bem como passou a ser o endereço das residências dos moradores de maior poder aquisitivo do bairro (RAMOS, 2007). 

Leite (2012) acrescenta que atendendo a parte dessas reivindicações dos moradores, foi implantado um bonde elétrico no bairro, que fazia o trecho Barbalho-Liberdade que tinha o seu fim de linha próximo ao Colégio Abrigo dos Filhos do Povo. Para cada bonde que atenderia aos moradores dessas áreas, foi designado linhas e números de identificação. A então Aldeia dos Índios recebeu o número oito - “Bonde da Linha Oito”, passando a ser reconhecida, em alusão a esse número, como Linha Oito. O conhecido Bonde da Linha Oito, que atendia ao bairro naquela época circulou até o ano de 1957, quando cedeu espaço aos ônibus e as marinetes5 (RAMOS, 2007). 

Ainda sobre a história do bairro, há de se mencionar a Feira do Japão, um dos pontos mais conhecidos da Liberdade que surgiu em 1928, em uma das transversais da Avenida Lima e Silva. De acordo com os registros da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEMOP), essa Feira teve sua origem relacionada a chegada de grupos de japoneses que instalaram seus comércios informais na área anteriormente conhecida como Largo do Japão, onde atualmente, em 2021, se localiza o Mercado Municipal da Liberdade. 

Apesar de suas origens datarem do século XVIII, a Liberdade só é compreendida como bairro a partir da década de 1940, em decorrência da expulsão de milhares de famílias que viviam nas proximidades do então centro6 de Salvador. Essas remoções foram ocasionadas em maior peso, pela especulação imobiliária que se instaurava no então centro de Salvador naquele período, ocasionando sucessivas ocupações realizadas por esses migrantes vindos do interior da Bahia, sendo esse também um dos fatores que intensificaram a expansão do que viria a constituir o atual bairro da Liberdade (SANTANA, 2016; RAMOS, 2007).  

Com seu processo de consolidação, um grande grupo de moradores do bairro resgatou um pouco de sua história e o batizou como Bairro da Liberdade, relacionando com as lutas pela Independência da Bahia, em 1823, quando tropas brasileiras havia libertado o estado do autoritarismo colonial português (LEITE, 2012; RAMOS, 2007). Na contemporaneidade, possivelmente pelas razões já citadas anteriormente, o bairro é nomeado como Liberdade. 

Durante seu processo de expansão inicial como bairro, em algum momento os antigos proprietários das terras pretendiam que a área se expandisse de forma ordenada, a partir dos loteamentos, considerados formais7, que viriam a ser instalados na área com a venda de suas antigas chácaras. Por ser relativamente próximo ao então centro comercial e financeiro soteropolitano, essa área possuía grande atrativo para novos moradores e investidores do ramo imobiliário da época (LEITE, 2012). 

Entretanto, a partir da década de 1940, com a migração de diversas famílias vindas de zonas rurais no interior do estado para a capital, em busca de melhores condições de vida, e pelo bairro possibilitar uma maior proximidade ao emprego, essa área se tornou bastante atrativa para esses novos moradores de pouco poder aquisitivo,  que passaram a ocupá-lo de forma desordenada por meio de invasões e loteamentos informais. Destaque para a invasão do Corta-Braço8, surgida em 1946 e que se tornou um marco histórico não apenas para a Liberdade, como também para toda Salvador por ter sido a primeira grande invasão ocorrida em toda a cidade (RAMOS, 2007; SOUZA, 2001).

Além das reivindicações em busca de melhorias e de sua consolidação, a vida cultural da Liberdade sempre foi bastante forte no dia-a-dia de seus moradores, fora as práticas cotidianas, haviam alguns cinemas que movimentavam o bairro, o Cine São Jorge e o Cine Brasil9, além dos bailes, como o Zacarias, e outras atividades culturais (LEITE, 2012). Pode-se dizer que talvez isso tenha fomentado, mais tarde, o surgimento do bloco Ilê Aiyê.

No final do século XX, a Liberdade intensifica seu processo de consolidação e desenvolvimento, passando a exercer um forte apelo turístico devido as suas raízes históricas ligadas a cultura afro-brasileira, esse processo, de algum modo, se reflete na atual configuração étnica do bairro. Ramos (2007) inclusive afirma, que é um dos maiores territórios negros, fora do continente africano, o que é corroborado pelos dados sociodemográficos presentes nesta plataforma. Onde, em 2010, 84,41% dos moradores da Liberdade se autodeclararam pretos ou pardos. 

Vale destacar também, a presença do bloco Ilê Aiyê, que tem sua história relacionada a história de vida de Mãe Hilda Jitolu10 e do terreiro Ilê Axé Jitolu. O bloco surgiu em 1974, no bairro da Liberdade e durante 20 anos o terreiro liderado pela Mãe Hilda serviu de diretoria, secretaria, salão de costura e recepção de associados do bloco (ILÊ AIYÊ, 2020). 

O Ilê Aiyê, tem a mãe Hilda como sua principal fonte de inspiração, e até 2009, era a responsável pelo cortejo real do bloco, que oferece milho branco cozido e pipoca, ao orixá da paz Oxalá e ao patrono da paz Obaluaê. Após a morte de Mãe Hilda, o ritual passou a ser realizado por sua filha e sucessora, Hildelice Benta dos Santos, a Doné11 Hildelice. Hoje, o bloco conta com mais de três mil associados, e é considerado um patrimônio da cultura baiana, principalmente por promover a preservação, valorização e expansão da cultura afro-brasileira da Bahia  (ILÊ AIYÊ, 2020).

Quanto a sua infraestrutura, a partir da primeira década do século XXI, o bairro passou a contar com diversos estabelecimentos de serviços, que até então só eram ofertados no centro12 de Salvador, a exemplo do Shopping Liberdade, localizado na Avenida Lima e Silva. Inaugurado, em 2002, representou um grande impacto espacial no bairro, alterando a vida de seus moradores (SANTOS, 2008), afinal com sua instalação muitas de suas necessidades em sair do bairro foram reduzidas, pois no mesmo já utilizavam de acessos às lojas de departamentos, grandes supermercados, agências bancárias, dentre outros serviços (BANDEIRA; MACAMBYRA, 2010).

O bairro ainda conta com o já mencionado Mercado Municipal da Liberdade, localizado próximo da avenida Lima e Silva, onde os moradores encontram uma vasta oferta de frutas, verduras, frutos do mar, carnes e temperos, com boa qualidade e preços geralmente mais em conta que nos grandes supermercados. No mercado ainda existe também um espaço dedicado à comercialização de artigos religiosos de candomblé e umbanda, religiões bastante propagadas entre os moradores da Liberdade. Apenas na Rua do Curuzu, localizam-se 16 terreiros de candomblé, dentre eles o conhecido Ilê Axé Jitolu, fundado pela Mãe Hilda Jitolu (BANDEIRA; MACAMBYRA, 2010). Vale acrescentar que a Liberdade é quinto bairro com mais terreiros registrados em Salvador, segundo a Fundação Cultural Palmares e o Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) - em seu site Mapeamento dos Terreiros de Salvador, existem no bairro o total de 33 terreiros das diferentes nações (Angola, Ketu, Jejê, Alaketu, Vodun Nagô).

Os moradores do bairro ainda necessitam de lutas e reivindicações a fim de enfrentar algumas dificuldades que variam entre as repressões de práticas religiosas, principalmente, as de matrizes africanas e lutas por melhorias urbanas ocasionadas pelo descaso do poder público no bairro. Em termos de bens e serviços, o bairro conta com uma boa rede de comércios que atende aos moradores, além de um shopping center, o Liberdade. No quesito educação, de acordo com as informações presentes no Encontre as Escolas do seu bairro, disponível na aba de links deste site, o bairro conta com sete escolas: a Abrigo Filhos do Povo, Adalgisa Souza Pinto, Lar Encantado, Nossa Senhora de Nazaré, Vila Vicentina, Pirajá da Silva e a Giselia Palma. Quanto à saúde, também de acordo com o Mapa da saúde aqui disponibilizado, o bairro conta apenas com um Multicentro e uma Unidade de Atendimento Odontológico, ambos localizados na Avenida Lima e Silva.

 

1 Nos dias de hoje, 2021, essa é a Avenida Lima e Silva, umas das principais vias do bairro da Liberdade (RAMOS, 2007).

2 De acordo com Bezerra (2020), a palavra quilombo tem origem no idioma banto, e significa “guerreiro da floresta”. A mesma autora ainda afirma que quilombos eram comunidades constituídas por escravos que conseguiam fugir das fazendas, dando origem aos espaços de resistência negra.

3 Atualmente, em 2021, a escola encontra-se em funcionamento com cerca de 775 alunos dos segmentos Pré-escola, Ensino Fundamental I e Educação de Jovens e Adultos (EJA), é administrada pela Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura Municipal de Salvador e integra a rede municipal de educação  (SECOM/PMS, 2018).

4 Equivalente ao atual cargo de prefeito.

5 Veículo automotor de grande porte, com capacidade de transportar muitos passageiros ao mesmo tempo.

6 O  que se entende como centro da cidade varia conforme o momento histórico de ocupação e a forma expansão da cidade, neste sentido, o centro a que se refere Leite (2012) é aquele que abrange a área da  rua Chile e parte do bairro do Comércio.

7 Loteamentos legais são definidos segundo a Lei Federal n° 6.766, de 19 de dezembro de 1979, em que considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes. E que coloca ainda que é preciso ter vias de circulação, sistema de escoamento de águas pluviais, rede para o abastecimento de água potável e soluções para o esgotamento sanitário e para a energia elétrica domiciliar.

8 Foi a primeira grande invasão da cidade de Salvador, embora tenha passado por bastante represálias judiciais e policiais para sua desocupação, foi legalizada em 1947. E hoje, em 2021, corresponde ao atual bairro do Pero Vaz  (ARAÚJO, 2010).

9 Inaugurado em 1959, e funcionou até 1979, quando foi fechado devido a crise do cinema baiano. No espaço, já funcionou desde comitês políticos até uma discoteca. Atualmente, em 2021, a PMS pretende transformar o espaço em um centro cultural.

10 Mãe Hilda Jitolu, foi uma das mais importantes ialorixás do Brasil. Nascida em Salvador, em 06 de janeiro de 1923, ela era responsável por comandar as cerimônias religiosas que antecedem os desfiles de sábado de carnaval. Mãe Hilda faleceu em 09 de setembro de 2009, aos 86 anos de idade, em decorrência de problemas cardíacos (G1 Bahia, 2019).

11 Doné é um termo do candomblé que significa sacerdotisa.

12 Como dito anteriormente, o  que se entende como centro de Salvador,  varia conforme o momento histórico de ocupação e a forma expansão da cidade, neste sentido, segundo Santos (2008), o então centro em questão, corresponde a área da cidade conhecida como Iguatemi.

 

REFERÊNCIAS:

 

ARAÚJO, James. Modernização capitalista e reprodução social da classe trabalhadora na periferia de Salvador/BA: o Pero Vaz e as formas e práticas derivadas da escravidão. 322f. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humana, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010.

BANDEIRA, Manuele; MACAMBYRA, Renata. Projeto vertentes: Liberdade. Salvador, 2010. Disponível em: <http://www.vertentes.ufba.br/bairro-liberdade>. Acesso em: 25  nov. 2020. 

BEZERRA, Juliana. Quilombos. Toda Matéria, 2020. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/quilombos/>. Acesso em: 04 mar. 2021.

BRASIL. Decreto-Lei Nº 6.766 de 19 de dezembro de 1979. Diário Oficial da União. Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 1979. Seção 1, p. 19457.

CENTRO DE ESTUDOS AFRO-ORIENTAIS. Mapeamento do Terreiros de Salvador. 2021. Disponível em: <http://www.terreiros.ceao.ufba.br/terreiro/config/ >. Acesso em: 04 mar. 2021.

FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES. FCP/MinC divulga dados sobre o Mapeamento dos Terreiros de Salvador. Disponível em: <http://www.palmares.gov.br/?p=2023 >. Acesso em: 04 mar. 2021.

ILÊ AIYÊ. Sobre. Salvador, 2020. Disponível em: <http://www.ileaiyeoficial.com/bio/>. Acesso em: 25 nov. 2020.  

LEITE, Disalda. O Lazer da juventude como prática de “Liberdade” no bairro da Liberdade. 172f. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2012. 

Portal G1 Bahia. Mãe Hilda: Bairro da Liberdade ganha circuito oficial no carnaval de Salvador. Salvador. 30 set. 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2019/09/30/mae-hilda-bairro-da-liberdade-ganha-circuito-oficial-no-carnaval-de-salvador.ghtml >. Acesso em: 25 nov. 2020.

RAMOS, Maria. Território afrodescendente: Leitura da cidade através do bairro da Liberdade, Salvador (Bahia). 190f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e urbanismo) - Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2007.

SANTANA, Charles. Memórias de lugares de morar na cidade do Salvador. Associação Brasileira de História Oral - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2016.

SANTOS, Janio. A cidade poli(multi)nucleada: a reestruturação do espaço urbano em Salvador. 454f. Tese (Doutorado em Geografia) - Programa de Pós Graduação em Geografia, Universidade Estadual Paulista. Presidente Prudente, 2008. 

SECOM/PMS. Secretaria de Comunicação Social - Prefeitura Municipal de Salvador. 2018.

SOUZA, Ângela Gordilho. Favelas, invasões e ocupações coletivas nas grandes cidades brasileiras - (re)qualificando a questão para Salvador-BA. BÓGUS, Lúcia M.; RIBEIRO, Luiz Cesar de Q. Caderno metrópole: desigualdade e governança, n. 5, 2001, p. 63-89.

 

 

SOBRE O AUTOR E A AUTORA:

*Jonas Oliveira Santana é graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da UFBA, bolsista do observaSSA, com financiamento da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas - PROAE.

**Mayara Mychella Sena Araújo é Doutora e Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bacharela em Urbanismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Atualmente é Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura da UFBA e coordenadora do observaSSA. 

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