De acordo com os dados dos infográficos presentes neste site, em 2010, o bairro do Imbuí contava com uma população total de 26.540 habitantes, a maior parte se autodeclarou parda (50,15%) e preta (12,94%), do sexo feminino (55,36%) e se encontrava na faixa etária de 20 a 49 anos (53,9%). No que diz respeito aos domicílios, 8,5% dos responsáveis não eram alfabetizados, 28,8% estava na faixa de 5 a 10 salários mínimos e a renda média dos responsáveis por domicílio no bairro era de R$ 4.353,00. Já com relação a infraestrutura ofertada, 95,12% dos domicílios contavam com coleta de lixo, 99,88% com abastecimento de água e 96,03% com esgotamento sanitário.
Histórico
Texto de Caio Vinícius Deiró Teixeira da Silva* e Mayara Mychella Sena Araújo**
Publicado em 22 de outubro de 2020
O Imbuí, nome que vem do Tupi e significa “rio das cobras”1, teve início na década de 1970 a partir de condomínios que foram para o local devido a expansão de Salvador em direção ao vetor norte atlântico e a Avenida Luís Viana Filho. Inicialmente o bairro era composto por bolsões de Mata Atlântica, cercado por dunas, cortado por rios e seus primeiros moradores foram, em sua maioria, trabalhadores do Pólo Petroquímico de Camaçari (CARVALHO E SOUZA, 2018; SOUZA, 2012).
Em seus primeiros anos o Imbuí não era considerado um local atrativo para moradia, pois estava longe dos serviços e das atividades econômicas da cidade, que acontecia em bairros consolidados como o Campo Grande, Comércio e afins. No entanto, com a abertura de novos bairros residenciais e comerciais, como o Caminho das Árvores, o Stiep, dentre outros, e a criação de um novo centro empresarial e comercial no eixo Iguatemi-Pituba, isso foi mudando (CARVALHO E SOUZA, 2018; OLIVEIRA, 2004). Segundo Carvalho e Pereira (2008), foi entre as décadas de 1970 e 1980 que esse novo centro começou a se formar, com o Centro Administrativo da Bahia (CAB), a Estação Rodoviária e o antigo Shopping Iguatemi, hoje Shopping da Bahia. Tal movimentação acabou refletindo no Imbuí e contribuindo para sua consolidação.
Ainda na década de 1970 iniciou-se as construções de alguns conjuntos habitacionais, sendo o primeiro deles o Conjunto Habitacional Guilherme Marback, voltado para a moradia dos funcionários do governo do estado, com renda de três a cinco salários mínimos, que iriam trabalhar no CAB. Outros conjuntos que surgiram foram o Conjunto Rio das Pedras e o Moradas do Imbuí, construídos pelo Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais (Incoop), ligado ao Banco Nacional de Habitação (BNH), que atendiam outras faixas de renda. A partir desses acontecimentos o Imbuí foi crescendo e se consolidando (SOUZA, 2012).
Devido a expansão da cidade o bairro passou a ser atrativo, pois estava próximo ao novo centro comercial e de negócios de Salvador e com acesso facilitado às Avenidas Luís Viana Filho (Paralela) e a Octávio Mangabeira (Orla), além de servir como ligação entre elas, através da Avenida Jorge Amado, inaugurada na década de 1980 no governo de João Durval Carneiro. Por conta dessa boa localização, ainda nessa década, diversos empreendimentos imobiliários verticais, de segmento residencial, foram para o bairro. O perfil desses empreendimentos, com áreas de lazer, piscinas, jardins e quadras de esportes, estava voltado para a classe média da época (SOUZA, 2012).
Até o início da década de 1990, o bairro era considerado residencial, porém a partir dessa época surgiram diversos empreendimentos comerciais, como o Centro Comercial Imbuí, o Amazônia, o Silver Shopping, o Imbuí Center, o Imbuí Master, o Caboatã, o Gaivota, o Imbuí Plaza, farmácias, bancos, escolas, dentre outros. Também existia no bairro um comércio de menor porte, como barracas de revistas, bares e, aos sábados, uma feira (SOUZA, 2012).
O crescimento do Imbuí teve um impacto no meio ambiente, com a destruição de dunas, lagoas e a poluição e destruição de cursos d’água, impactando na fauna da região, na proliferação de vetores de doenças e na qualidade de vida no Bairro. Em 1993, o então governador Paulo Souto anunciou que o Programa Bahia Azul2 atenderia também a área do Imbuí, dessa forma, no final da década de 1990, foram realizados os serviços do programa com a implantação de rede de esgotamento sanitário. Ainda nesse período ocorreu uma reforma no bairro, que envolveu o plantio de árvores, a implantação de praças e a recuperação de equipamentos esportivos (SOUZA, 2012).
No final da primeira década de 2000 a Prefeitura Municipal de Salvador (PMS), por meio da Superintendência de Obras Públicas (Sucop), desenvolveu o projeto de saneamento do Rio das Pedras. As águas do rio foram cobertas e, nessa cobertura, foram construídos quiosques, praças, equipamentos esportivos, pistas de cooper e ciclovias.
É importante ressaltar ainda a presença da comunidade do Bate Facho, que se encontra dentro dos limites do bairro, porém que possui uma distância social atenuada em relação a ele. O Bate Facho, nas primeiras décadas do século XX, era uma vila de pescadores originários de diversas partes da Bahia. No entanto, em 2010 sua população era de aproximadamente 5.000 pessoas, que viviam em casas majoritariamente autoconstruídas, o que difere dos grandes condomínios planejados presentes nas outras partes do bairro (TREUKE, 2019).
Treuke (2019) conta que nessa parte do bairro, em 2018, os moradores de Bate Facho ainda sofriam com enchentes e alagamentos, e que a estigmatização territorial e o retrato que a mídia faz, resulta na dificuldade de acesso a serviços privados, como táxi, uber dentre outros, que não consideram o Bate Facho seguro, principalmente a noite. No entanto o autor relata um alto grau de coesão e solidariedade no bairro, que se dá através das relações de ajuda mútua construídas entre os vizinhos.
Atualmente o Imbuí conta com uma série de equipamentos e serviços que atendem aos seus moradores e a cidade, como, para além dos já citados, a Universidade Salvador (Unifacs), a Faculdade Área 1, a Unime e a Ruy Barbosa, além de uma sede da Universidade do Estado da Bahia (UNEB); uma clínica veterinária (Petz), um fórum regional e um estação de metrô, o que facilitou ainda mais o acesso ao bairro. Para além disso, de acordo com os links Mapa da Saúde e Encontre a escola do seu bairro neste site, o bairro conta com uma Unidade Básica de Saúde (UBS), um Pronto Atendimento (PA) e uma escola municipal a nível infantil.
1 Hoje, o rio que deu nome ao bairro, denomina-se Rio das Pedras (SOUZA, 2012).
2 Segundo Caldas (2018), o Bahia Azul foi o maior programa governamental de saneamento da Bahia, tendo sido iniciado na década de 1990, a partir da iniciativa do governo do estado. Ainda segundo a autora, foram investidos no program cerca de US$ 600 milhões entre os anos de 1995 e 2004.
REFERÊNCIAS:
CALDAS, Fernanda. Livro sobre programa de saneamento Bahia Azul é lançado pela Edufba. Edgar Digital Universidade Federal da Bahia. 2018. Disponível em: <http://www.edgardigital.ufba.br/?p=9608#:~:text=Maior%20programa%20governamental%20em%20saneamento,foram%20investidos%20US%24%20600%20milh%C3%B5es>. Acesso em: 14 ago. 2020.
OLIVEIRA, Adary. O Pólo Petroquímico de Camaçari (Bahia, Brasil): industrialização, crescimento econômico e desenvolvimento regional. 2004. 389 f. Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação em Geografia, Doutorado em Planejamento territorial e Desenvolvimento Regional, Unifacs, 2004. Disponível em: <https://institutomiguelcalmon.files.wordpress.com/2013/01/livro-adray-oliveira.pdf>. Acesso em: 11 de agosto de 2020.
SOUZA, Danilo Fortuna Mendes de. Mapeamento acústico do ruído de tráfego rodoviário do bairro Imbuí, Salvador-BA. 2012. 368 f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Salvador, 2012. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/13071>. Acesso em: 11 de agosto de 2020.
TREUKE, Stephan. Proximidade espacial versus distância social: examinando as articulações entre grupos socialmente distantes em três bairros populares de Salvador, Brasil. Caderno Metrópole. v. 21, n. 45, p. 619-646. jun. 2019. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2019-4512.> Acesso em: 27 nov. 2020.
SOBRE O AUTOR E A AUTORA:
*Caio Vinícius Deiró Teixeira da Silva é bacharel em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da UFBA, voluntário do observaSSA.
**Mayara Mychella Sena Araújo é Doutora e Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bacharela em Urbanismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Atualmente é Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura da UFBA e coordenadora do observaSSA.
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