Stiep

Texto de Caio Vinícius Deiró Teixeira da Silva* e Mayara Mychella Sena Araújo**

Publicado em 17 de abril de 2020

A origem do bairro Stiep, em meados de 1960, está relacionada à celebração de  um acordo entre o então Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Petróleo (STIEP) e o Banco Nacional de Habitação (BNH), que tinha como objetivo a doação de terreno para fins de moradia, área que compreendia das proximidades do antigo Aeroclube Plaza Show - na Boca do Rio - até o Costa Azul (SINDIPETRO, 2017). Já no final da década, foi construído nessa área o Núcleo Residencial do Petroleiro, conhecido desse modo por se tratar de um conjunto destinado aos trabalhadores da Petrobrás. Com o tempo e expansão do bairro, novas construções foram se espacializando no local, principalmente, moradias dos segmentos de classe média alta de Salvador (O NASCIMENTO DO STIEP, 2000). Ainda assim, devido a sua origem, o bairro permanece sendo conhecido como Stiep. 

O acesso ao bairro, logo em seus primeiros anos, se dava somente pela orla, através da Avenida Otávio Mangabeira, fato que dificultava sua integração com outras áreas da cidade. No final da década de 1960 e meados da década de 1970 foram construídas as Avenidas Tancredo Neves (1968), Luís Viana Filho (1974) e Magalhães Neto (1974), que facilitaram o acesso ao bairro e ocasionaram a ida de diversas atividades comerciais para a região. Dentre essas atividades, podem ser destacadas a construção do Terminal Rodoviário de Salvador (1974), em Pernambués; o antigo Shopping Iguatemi (1975) - hoje Shopping da Bahia - e a Casa do Comércio (1988), no Caminho das Árvores; além do antigo Centro de Convenções (1979), no Stiep. 

Na década de 1990, com a expansão da cidade para o vetor norte da Bahia, o crescimento dessa região passa a se consolidar. Segundo o levantamento feito no ano 2000 pela Urban Science do Brasil, por encomenda do Jornal Gazeta Mercantil, a partir de 1994, 86,7% das empresas foram transferidas para a Av. Tancredo Neves (MAIA FILHO, 2000). No Stiep, nesse período, pode ser destacado a construção da nova sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), que antes se encontrava no Comércio, e a construção do Centro Universitário Estácio da Bahia, antiga Faculdades Integradas da Bahia (FIB). Observa-se também a instalação de diversos empreendimentos  no entorno do bairro, tais como: o Hospital Sarah Kubitschek (1994), o Salvador Trade Center (2001), o Hospital da Bahia (2006), o Salvador Shopping (2007), o Boulevard Side Empresarial (2012), dentre outros.

O reflexo do crescimento da cidade em direção a esse vetor pode ser notado no Stiep, que, segundo a Plataforma de Observatórios de Bairros Salvador (observaSSA) (2020), teve um crescimento populacional de 1,66% , entre 1991 e 2000, e 2,66% do ano de 2000 a 2010. Além disso também recebeu hotéis, condomínios e outros empreendimentos devido à proximidade com o então Centro de Convenções e com esse novo centro empresarial, comercial e de serviços que se instalava no entorno da Av. Tancredo Neves. Esses empreendimentos marcaram a verticalização do Stiep e de seus arredores, podendo ser citados, ainda, edifícios empresariais como o Centro Empresarial Eldorado e o Atlanta Empresarial; residenciais, como o Baía Marine Residencial e o Colina do Atlântico; hoteleiros, como o Sotero Hotel, dentre outros.

Na atualidade o Stiep conta com acesso facilitado, condomínios residenciais, clubes, restaurantes, escolas, faculdades privadas, prédios comerciais e empresariais e duas lagoas - a Lagoa dos Pássaros e a Lagoa dos Frades. No entanto, vale ressaltar que, segundo o Portal Stiep (2017), apesar do crescimento de Salvador ter refletido no bairro, ele ainda carrega uma atmosfera residencial de tranquilidade e lazer.

REFERÊNCIAS: 

AZEVÊDO, Michelle Conceição Marcelino de. Planejamento urbano de Salvador: a Avenida Paralela e o CAB. 106f. Dissertação (Mestrado), Universidade Católica de Salvador. Salvador, 2012. Disponível em: <http://ri.ucsal.br:8080/jspui/bitstream/123456730/242/1/DISSERTACAOMICHELLEMARCELINO.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2020

MAIA FILHO, J. P. 2000. Construtoras apostam na força do polo empresarial. Gazeta Mercantil, Salvador, p. 13, 12 dez. 2020.

OBSERVASSA. Observatório de Bairros Salvador, 2020. STIEP. Disponível em: <http://observatoriobairrossalvador.ufba.br/bairros/stiep>. Acesso em: 21 mar. 2020. 

O NASCIMENTO DO STIEP. Jornal Local Salvador, ano 4. n 20, Set/ Out. 2000. Disponível em: <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/doc-polo/onascimentodostiep.... Acesso em: 15 jan. 2020.

PORTAL STIEP. Stiep, 2017. Bairro Stiep. Disponível em: <http://www.stiep.com.br/bairro-stiep>. Acesso em: 21 mar. 2020.

SINDIPETRO (Salvador). Sindicato dos Petroleiros da Bahia. STIEP: um patrimônio dos petroleiros. 2017. Disponível em: <http://sindipetroba.org.br/2017/noticia/7567/stiep--um-patrim%C3%B4nio-dos-petroleiros>. Acesso em: 20 jan. 2020.

SOBRE O AUTOR E A AUTORA:

*Caio Vinícius Deiró Teixeira da Silva é bacharel em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da UFBA, voluntário do observaSSA.

**Mayara Mychella Sena Araújo é Doutora e Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bacharela em Urbanismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Atualmente é Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura da UFBA e coordenadora do observaSSA.