Rio Vermelho

De acordo com os dados dos infográficos presentes neste site, em 2010, o bairro Rio Vermelho contava com uma população total de 18.334 habitantes, a maior parte se autodeclarou branca (43,54%), do sexo feminino  (55,73%) e se encontrava na faixa etária de 20 a 49 anos (53,36%). No que diz respeito aos domicílios, 11,56% dos responsáveis não eram alfabetizados e apesar de 24,4% estar na faixa de 5 a 10 salários mínimos, a renda média dos responsáveis por domicílio no bairro era de R$6.282,00. Já com relação a infraestrutura ofertada, 99,85% dos domicílios contavam com coleta de lixo, 99,65% com abastecimento de água e 99,07% com esgotamento sanitário.

 

Histórico

Texto de Caio Vinícius Deiró Teixeira da Silva* e Mayara Mychella Sena Araújo**

Publicado em 10 de janeiro de 2020

 

O bairro do Rio Vermelho, segundo Jesus (2005), teve seu início antes da fundação da própria Salvador enquanto cidade. Ainda segundo a autora, a ocupação começou entre os anos de 1509 e 1511 após a chegada do primeiro europeu a localidade, Diogo Álvares Corrêa, também conhecido como “Caramuru”, que batizou o local de “Rio Vermelho” por conta da coloração das águas do rio Camurujipe.

A ocupação inicial do bairro, do século XVI ao século XIX, se deu de forma lenta. No século XVII a invasão holandesa, ocorrida em 1624, fez com que o Rio Vermelho recebesse alguns moradores do centro da cidade por conta do seu afastamento e do seu difícil acesso. Essa invasão também ocasionou, após a expulsão dos holandeses e já no século XVIII, a construção do primeiro forte fora da Baía de Todos os Santos, o forte de São Gonçalo, conhecido também como Reduto do Rio Vermelho, que posteriormente veio a ser demolido, dando lugar à Igreja de Santana (CALABRESE, 2013).

Embora tenha acontecido certa migração da população para o bairro no século XVII por conta da invasão, é no século XVIII que o Rio Vermelho passa a apresentar construções residenciais de caráter urbano e apenas no século XIX que surgem os primeiros núcleos urbanos do bairro: Mariquita, Paciência e Santana.

O século XX foi o que marcou o período de maior transformações urbanísticas do Rio Vermelho. No início desse século, em 1906, houve a instalação de bondes elétricos ligando o que na época era o centro de Salvador ao Rio Vermelho, além dos primeiros transportes de lotação, conhecidos como Marinetti, que passaram a circular por lá. A partir desses acontecimentos o caráter de veraneio do bairro foi acentuado, uma vez que passou a atrair ainda mais veranistas devido ao acesso facilitado às suas praias. Com o tempo a prática do veraneio impulsionou a ocupação do local, principalmente nas áreas próximas ao mar, aumentando o valor de compra dessas terras e ocasionando o deslocamento dos habitantes de baixa renda para áreas mais interiores (JESUS, 2005).

Ainda no século XX houve a abertura, em 1922, da via Barra - Rio Vermelho, obra da gestão do então governador Antônio Muniz, que posteriormente ficou conhecida como Avenida Oceânica (JESUS, 2005). Para além disso o bairro ainda ganhou mais dois núcleos urbanos: Parque Cruz Aguiar e o Ipase, este último ficou assim conhecido por se tratar de um setor do Parque Cruz Aguiar – correspondente a 50 casas – adquirido pelo Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado (IPASE) e sorteado entre seus filiados. Esses dois novos núcleos se somaram à Paciência, Mariquita e Santana, totalizando assim cinco núcleos urbanos, cada qual com suas particularidades (CALABRESE, 2005).

Nos anos de 1960 aconteceu a implantação do loteamento Jardim Caramuru, a construção da Avenida Vasco da Gama, da fábrica da Coca-Cola, da nova igreja de Santana e, ao seu lado, da Casa do Peso, também conhecida como Casa de Iemanjá, local onde acontece o cortejo, no dia 2 de fevereiro, à Rainha do Mar.

Os anos de 1970, por sua vez, foram marcados pelo crescimento do mercado imobiliário, pela verticalização de suas construções e pela a ida de hotéis para o bairro, fazendo com que o Rio Vermelho adotasse, de fato, o turismo como uma de suas funcionalidades.

Ainda nessa década foi construído o Sistema de Disposição Oceânica do Rio Vermelho, parte importante do sistema de esgotamento sanitário da cidade de Salvador. Segundo SILVA (2011, p. 4) “atualmente, todo o esgoto coletado da cidade é lançado ao mar pelo emissário submarino deste sistema [...] com concentrações de poluente acima da permitida pela legislação ambiental vigente.”

Nos anos de 1980, devido a especulação imobiliária que estava acontecendo no Rio Vermelho, a população de baixa renda que ali habitava foi se deslocando para outras áreas da cidade, processo que foi impulsionado pela construção da Avenida Garibaldi e da Avenida Juracy Magalhães, o que acabou por resultar no surgimento de dois outros bairros: Chapada do Rio Vermelho e Vila Matos (JESUS, 2005).

Já no século XXI o bairro continua a passar por transformações no setor urbanístico e paisagístico. Dentre essas transformações podem ser citadas a reinauguração do Mercado do Rio Vermelho, a reforma por qual passou o Largo da Mariquita, a nova pavimentação com piso intertravado em algumas áreas do bairro, a instalação de uma quadra de futebol e ciclovias e o projeto da nova orla no trecho que liga o bairro à Ondina.

O Rio Vermelho ao decorrer dos anos passou de um bairro considerado mais tranquilo a um de maior movimentação, incorporando atividades turísticas e de lazer como funcionalidades. Hoje é considerado um dos mais boêmios de Salvador, nele se encontra diversas casas de shows, restaurantes, bares e comércio mais informal acontecendo no Largo da Mariquita, no Largo de Santana e ao longo da sua orla. É no Rio Vermelho, também, que acontecem as festas de Santana e de Iemanjá.

No bairro ainda se encontram dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) e cinco escolas municipais, sendo ofertadas turmas desde a pré-escola, com o grupo quatro e o grupo cinco, até o 5° ano do ensino fundamental I.

 

 

REFERÊNCIAS:

 

CALABRESE, Frederico. Estudos de requalificação e valorização urbana e paisagística do Rio Vermelho em Salvador. 2013. 281 f. Dissertação (Mestrado profissional em conservação e restauração de monumentos históricos) - Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/21143>. Acesso em: 02 dez. 2019.

JESUS, Maria das Graças Bispo de, 10. 2005, São Paulo. Abordagens geográficas à partir do resgate cultural e dinâmica sócio-espacial: O estudo do bairro Rio Vermelho - Salvador/ Bahia - Brasil. São Paulo: Sn, 2005. 11 p.

SILVA, Mário Grune de Souza e. Otimização de emissário do Rio Vermelho, Salvador-BA, via modelagem computacional. 2011. 84 f. Monografia (Especialização) - Curso de Engenharia Ambiental, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/7458/1/monopoli10001775.pdf>. Acesso em: 02 dez. 2019.

 

SOBRE O AUTOR E AUTORA:

*Caio Vinícius Deiró Teixeira da Silva é bacharel em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da UFBA, voluntário do observaSSA.

**Mayara Mychella Sena Araújo é Doutora e Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bacharela em Urbanismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Atualmente é Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura da UFBA e coordenadora do observaSSA. 

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Domicílios

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Endereço: Rua Monte Conselho - Rio Vermelho