Beiru/ Tancredo Neves

De acordo com os dados dos infográficos presentes neste site, em 2010, o bairro Beiru/ Tancredo Neves contava com uma população total de 50.416 habitantes, a maior parte se autodeclarou parda (52,51%) e preta (34,06%), do sexo feminino (53,21%) e se encontrava na faixa etária de 20 a 49 anos (52,57%). No que diz respeito aos domicílios, 2,19% dos responsáveis não eram alfabetizados, e apesar de 43,5% estar na faixa de 0 a 1 salário mínimo, a renda média dos responsáveis por domicílio no bairro era de R$ 1.039,00. Já com relação a infraestrutura ofertada, 94,04% dos domicílios contavam com coleta de lixo, 99,49% com abastecimento de água e 96,66% com esgotamento sanitário.

 

Histórico

Texto de Isabella Illana Ferreira Lopes*, Analu Garcia Borges** e Mayara Mychella Sena Araújo*** 

Publicado em 27 de outubro de 2022

 

O bairro Beiru/Tancredo Neves carrega em seu nome a historicidade das lutas que abriga para o reconhecimento de sua ancestralidade afrodescendente. Segundo o artigo 2º da Lei Ordinária nº 9.278, de 20 de setembro de 2017, que dispõe sobre a delimitação e denominação dos bairros de Salvador, a noção de bairro está ligada a de pertencimento de uma comunidade em uma certa delimitação espacial. Em vista disso, consideramos que tal identidade coletiva teve seu processo iniciado a partir da criação do Quilombo do Beiru, sobre o qual iremos tratar mais à frente.

Dessa forma, o bairro que hoje conhecemos como Beiru/Tancredo Neves em sua formação inicial, em termos de identidade coletiva, estima-se que ao final do século XIX chamava-se Fazenda Beiru (antiga Fazenda Campo Sêco), a partir de 1985 passou a se chamar Tancredo Neves (período da redemocratização do país) quando já era formalmente um bairro da cidade de Salvador e, a partir de 2005, começou a ser reconhecido por ambos os nomes, fruto da luta da Associação Comunitária e Carnavalesca Mundo Negro - ACCMN1 e do Fórum Comunitário em Defesa do Beiru pelo resgate das raízes do bairro. Todavia, somente em 2017, por meio da supracitada lei, passa a ser oficialmente denominado de Beiru/Tancredo Neves.

Com isso, nota-se que a mudança do nome do bairro carrega um processo de luta e resgate de sua história afrodescendente, cuja compreensão só é possível a partir da revisão de sua história, contada também pelas memórias orais de moradores antigos, reminiscentes dos primeiros terreiros implantados no local.

Nesse sentido, pode-se dizer que a formação socioespacial do Beiru/Tancredo Neves esteve atrelada à do bairro Cabula2, que teve grande importância na formação dos primeiros quilombos e núcleos urbanos3 na área hoje conhecida como “miolo”4 de Salvador, e cuja história confunde-se com a do próprio Beiru/Tancredo Neves. Isso porque, de acordo com Martins (2017), o bairro do Beiru/Tancredo Neves assim como Engomadeira e Arenoso5 são fruto de um desmembramento da área6 que era conhecida no período colonial como Quilombo do Cabula7, o qual foi destruído pela polícia colonial em 1807. A justificativa do Conde da Ponte - então governador da capitania da Bahia - para tal destruição foi a de que as práticas religiosas de matriz africana8 que ali ocorriam transgrediam as leis, a religião católica e perturbavam a tranquilidade pública (MASCARENHAS et. al, 2019).

É oportuno mencionar também que as primeiras décadas do século XIX foram marcadas por conflitos entre os “senhores” (escravizadores), escravizados fugidos e negros libertos, fato que fez com que a coroa portuguesa passasse a incentivar o loteamento das terras localizadas na área do Cabula e redondezas  (MASCARENHAS et. al, 2019). Desse modo, em 1839 as terras que oficialmente pertenciam à família da VII Marquesa Niza, na área onde estima-se que se formou o Quilombo do Cabula, foram vendidas ao capitão Thomás Silva Paranhos9. A partir desse momento, iniciou-se um lento processo de “transformação sócio-histórica e geográfica” no Cabula e arredores, pois o capitão Paranhos efetuou o loteamento das terras e deu início à negociações de venda e arrendamentos de “roças, terrenos, chácaras, fazendas e raros engenhos” a novos proprietários - famílias abastadas, com posses em outras freguesias que acumulavam terras, estrangeiros, pequenos produtores e negros libertos (MASCARENHAS et. al, 2019, pp. 8-13).

Apesar de o período ser marcado pela mudança no domínio das terras do Cabula e áreas vizinhas, todavia, sua ocupação ocorreu, em grande parte, pelos pequenos produtores agrícolas e negros libertos que também compraram terras nesse momento (MASCARENHAS et al, 2019). De acordo com os autores acima, as “áreas negociadas”, ou seja, as terras que foram vendidas ou arrendadas localizavam-se principalmente onde hoje se encontram o bairro do Cabula, Saboeiro, São Gonçalo e Engomadeira, onde provavelmente estariam as “roças de laranjais”, as quais constavam nos registros de terras oficiais. 

Diferentemente desses locais onde se constituíram essas “roças loteadas”, foram os locais onde se formaram os “arraiais e sítios resistentes das Barreiras, Mata Escura, Beiru e Campo Seco (atual Cabula VI)”, a partir dos quais, segundo a hipótese dos autores, teria ocorrido “a continuidade de habitação informal dos negros libertos” (MASCARENHAS el at, 2019, p. 13). Nesse sentido, Martins (2017, p. 130) adiciona que “esses famosos laranjais, [...] não abrangeu toda área do antigo Cabula”, relatando que “as comunidades da Engomadeira, Beirú/Tancredo Neves, Arenoso e Cabula VI (antigo Campo Seco), não reconhecem a produção de laranjas nos seus territórios, mas relataram a riqueza do solo local que proporcionou policulturas aos seus habitantes”, o que possibilitava o comércio nas feiras da cidade.

Apesar do loteamento das terras e de um novo contexto geográfico e social no local com a entrada de novos proprietários e produção agrícola mais expressiva a partir de meados do século XIX, o Beiru/Tancredo Neves manteve-se com características rurais por mais um século10.

No que se refere, ainda, à destruição do Quilombo do Cabula, a resistência da população negra permaneceu em áreas próximas e de mais difícil acesso, como naquelas dos atuais bairros do Beiru/Tancredo Neves, Saboeiro e Mata Escura (MASCARENHAS et. al 2019). Inclusive, há indícios relacionados à existência do negro escravizado GBeiru11 e o quilombo por ele formado, que dá o primeiro nome - Beiru - ao bairro Beiru/Tancredo Neves.

De acordo com o que trata a história, Beiru ou “Preto Beiru”, era de origem iorubá, nascido em Oió, na Nigéria, e em 1820 foi comprado pela família Hélio Silva Garcia12, para trabalhar na Fazenda Campo Sêco13. Em decorrência de seu trabalho penoso, porém exemplar, que resultou na confiança14 de seus escravizadores, em 1845, Beiru recebeu terras em seu nome, onde formou o Quilombo do Beiru, mantido até 188815. Também se transformou numa liderança negra de representatividade, por isso tanto os escravizados livres, fugidos ou alforriados optavam por morar no Quilombo com ele, como aqueles que continuavam a trabalhar para a família Garcia16 (ACCMN, 2007).

Embora não se tenha ao certo a data de sua morte, estima-se que Beiru faleceu no final do século XIX (SANTOS et al, 2010) e, como ele não tinha herdeiros libertos, as terras retornaram à família Silva Garcia. Em reconhecimento a sua trajetória, a família decidiu homenageá-lo, e trocou o nome da Fazenda Campo Sêco para Fazenda Beiru (ACCMN, 2007). 

De acordo com a Associação Comunitária e Carnavalesca Mundo Negro (2007) e Costa (2018), em 1910, a família Garcia vendeu a mencionada fazenda para Tatá Miguel Arcanjo, que fundou o primeiro Terreiro de candomblé da nação Angola-Muxicongo, o Massanganga de Indú duxó, onde se localizava a antiga Casa Grande da fazenda. Em 1920 foi fundado o terreiro do Ekutá Angwe Nvunji Kimbumji, da família Amburaxó, raiz da nação Congo-Angola. O terreiro foi fundado na área que era conhecida como Jaqueira da Cebolinha, atual Largo do Anjo Mau no Beiru (COSTA, 2018). 

Segundo a ACCMN (2007), a partir de Miguel Arcanjo, com a nação Amburaxó, originou-se o terreiro Isumbo Meian, cujo significado é “encontro das águas doces” e a abrangência ia até os bairros do Beiru/Tancredo Neves, Arenoso, Cabula VI, Narandiba, Estradas da Barreiras, Saboeiro, São Gonçalo, Mata Escura, Sussuarana, Pernambués, Resgate e bairros vizinhos. Essa área do miolo de Salvador concentra muitos terreiros de origem Banto (região da Angola), sendo que o primeiro foi o de Tatá Miguel Arcanjo - o Terreiro da família Amburaxó -, e posteriormente os terreiros de Tumba Juncara, São Roque e Santa Cruz (ACCMN, 2007).

Acrescenta-se que do Terreiro fundado por Miguel Arcanjo foram originados outros três no Beiru/Tancredo Neves: o Ilê Axé Tomin Bocun - o Axé do Beiru -, fundado e liderado por Manuel Rufino de Souza; o Onzó Nsumbu Tambula Dicoa Dandalunda - o Terreiro São Roque -, então fundado em 1972 e dirigido por Olga Santos - a Morena17; e o Terreiro cujo líder era o Pedro Duas Cabeças e cujo nome não foi encontrado. Todos eles tinham dirigentes que eram filhos de santo de Tatá Miguel Arcanjo (COSTA, 2018). Em 1941, Tatá Miguel Arcanjo faleceu e deixou suas terras para o genro, Evangelista de Souza, conhecido como Cazuza, e suas duas filhas, Caetana Angélica de Souza e Guilhermina Angélica de Souza (COSTA, 2018). 

Diante do exposto, e como ressalta Martins (2017), o Beiru/Tancredo Neves é marcado pela comunidade de terreiros, no qual os habitantes manifestam suas experiências e potência das raízes quilombolas desse “território de resistência negra”. Daí a importância da herança de matriz africana na formação e permanência18 dos moradores no bairro, afinal os terreiros são considerados símbolos e marcadores para orientação no interior do bairro. Essa pujança é, inclusive, notada pela existência atual de 14 terreiros19: Nsumbu Tambula Dicolia Meia Dandalunda/ Terreiro São Roque (1943), Terreiro Olufanjá (1969), Azilô Kasangi Raiz de Omim Silê (1977), Ilê Axé Pnadamim Bomifá (1978), Ilê Axé Ofan Onisidé Omim (1981), Ilê Axé Iyaomiré (1987), Centro de Boiadeiro (1989), Ilê Axé Fili bomim (1992),  Ilê Axé Mojarê (1998), Sessão de Giro (2000), Terreiro Oya Omim Olorum (2001), Funanji Filho (2002), Ilê Axé Anjualé (2005) e o Terreiro Tumbeci (sem data origem).

Martins (2017) ainda sinaliza que no processo de formação inicial, o bairro, assim como aconteceu no surgimento de outros da cidade, não contava com saneamento básico - acesso a esgotamento sanitário, água potável e energia elétrica. Em razão disso, quanto à água potável, a autora afirma que os moradores do Beiru/Tancredo Neves dependiam dos riachos e das fontes20, tanto para o consumo pessoal e abastecimento das casas, como para utilização dos adeptos da religião de matriz africana em seus cultos aos ancestrais, nos banhos, além do uso pelas lavadeiras em seus “trabalhos de ganho”.

Além disso, até meados do século XX, o adensamento populacional do bairro ainda era rarefeito, o que repercutia em sua baixa ocupação e expansão físico-territorial, e na sua paisagem, marcada pelos remanescentes de Mata Atlântica e plantas medicinais21. Martins (2017) assinala que parcela significativa dos recursos de suprimento básico e diário eram encontrados no próprio bairro, embora ainda não existisse uma variedade de comércio. Em virtude de que o Beiru/Tancredo Neves ainda era caracterizado como rural quando comparado às áreas urbanizadas da cidade - Centro Antigo, Comércio, Rua Chile, por exemplo.

Ainda neste mesmo período, como mencionado anteriormente, a ocupação físico-territorial no bairro era rarefeita, logo, as casas eram espaçadas umas das outras, e as primeiras delimitadas com cercas vivas de “peregun”22. Já quanto a sua arquitetura, eram bem simples, geralmente construídas em taipa e madeira, extraídas da vegetação ali encontrada; cobertas por massapê, uma espécie de barro vermelho vivaz e grudento; e o chão feito com folhas de bananeiras batidas com areia branca, usada para endurecer e firmar o “piso” e extraída no bairro da Boca do Rio (MARTINS, 2017).

Inclusive, sobre o processo de adensamento populacional do bairro, tal como depreende-se da leitura de Fernandes et. tal (2017), como o Cabula representava um vetor de expansão urbana no “miolo” da cidade, a partir da década de 1950, foram as ações do governo do Estado da Bahia - com a implementação de políticas de planejamento urbano23 - que intensificaram sua ocupação, por conseguinte dos bairros vizinhos, como o Beiru/Tancredo Neves que, até aquele momento, caracterizava-se predominantemente como rural. Além disso, é no Cabula que estão localizados grandes equipamentos de saúde (Hospital Geral Roberto Santos) e educação (Universidade do Estado da Bahia - UNEB) cuja funcionalidade e centralidade certamente repercutiram nos processos e dinâmicas dos bairros adjacentes, como o Beiru/Tancredo Neves. 

A partir de tais políticas de desenvolvimento urbano, que induziram a criação de novos vetores de expansão urbana na área do miolo, houve um adensamento populacional, o que se verificou também no bairro do Beiru em meados da década 1970, por meio de processos de ocupações espontâneas no bairro (ACCMN, 2007). Infere-se que a composição populacional contemporânea do bairro seguiu com características similares ao seu povoamento remoto, conferindo grande contingente de população negra24 e de baixa renda (MARTINS, 2017).

Ainda na mesma década, foram intensificadas as obras de equipamentos urbanos no Cabula e no miolo, como o Centro Administrativo da Bahia (CAB), bem como a implementação de conjuntos habitacionais, como o Projeto Narandiba25, e projetos de urbanização, como o Projeto Beiru26, realizados em grande parte durante as gestões de Antônio Carlos Magalhães (1971-1975 / 1979-1983) e Roberto Figueira Santos (1975-1979) no governo do Estado.

Segundo Costa (2018), desde meados da década de 1970, as gestões dos governos estaduais vêm criando mecanismos para desapropriação de terras no Beiru, sendo que, em 1979, o então governador Antônio Carlos Magalhães desapropriou as terras dos herdeiros do bairro - em grande parte, os terreiros - com a finalidade de viabilizar a urbanização do bairro por meio do projeto Beiru, anteriormente citado, o qual viria a ser implementado no início da década de 1980.

Em meados da década de 1980, o país passava pelo período da redemocratização, ocasionando impactos na vida da população nas mais diversas escalas, como por exemplo no âmbito das relações políticas na escala do bairro. Dessa forma, em 1985, houve uma proposta de mudança do nome de Beiru para Tancredo Neves27, por meio de um plebiscito entre os moradores28, no qual, a justificativa para a mudança do nome do bairro pautava-se nas rimas pejorativas com o nome Beiru e à imagem de violência que o bairro tinha. A partir disso, o bairro passou a ser conhecido somente como Tancredo Neves, uma figura pública que não possuía uma relação direta com a história do bairro.

Todavia, depreende-se a partir da reportagem do Jornal A Tarde (1987) e do Correio da Bahia (2005) que as disputas em torno do nome possuíam, além de uma questão simbólica, uma questão objetiva: a posse de terras no Beiru. Ao que pôde-se inferir, havia grupos diversos disputando o nome do bairro e a posse das terras, como um descendente dos Garcia D’Ávila que, segundo o Jornal A Tarde (1987), eram proprietários da antiga Fazenda; o Conselho de Moradores do Beiru/Tancredo Neves, liderado por Dionísio Juvenal, ex-candidato a vereador à época e propositor da mudança para Tancredo Neves; e, por último, Eldon Araújo Laje, procurador e Pai Pequeno do Terreiro São Roque, defensor do nome que remonta às origens afrodescendentes do bairro (CORREIO DA BAHIA, 2005).

Outro fato peculiar, também percebido a partir dessas reportagens, é de que havia uma ambiguidade sobre como o bairro era tratado pelos registros oficiais (Correios, Cadastro da Prefeitura, Secretaria Municipal de Saúde etc.), sendo que alguns registravam como Beiru, outros como Tancredo Neves.

Tal cenário perdurou até 200529, quando os moradores travaram uma complexa e árdua luta pela permanência do nome original, pois entendiam esse processo como uma “estupidez que fizeram com a história” (ACCMN, 2007, p. 11). Dessa forma, a partir dessa data houve o resgate do nome Beiru tanto nos letreiros dos ônibus, como para a história e pertencimento dos moradores, passando a ser denominado de Beiru/Tancredo Neves.  Por conseguinte, em 2017 o bairro passou a ser oficialmente denominado de Beiru/Tancredo Neves.

Entende-se, assim, que a história do nome do Beiru/Tancredo Neves perpassa pela significativa preservação histórico-cultural da memória afro-descendente do bairro e de seus moradores, cujo resgate consiste em uma luta constante para o seu reconhecimento como patrimônio imaterial. 

Segundo Costa (2018, pp.86-87), o bairro dispõe de:

[...] linhas de transporte (insuficientes, de acordo com a comunidade), saneamento básico, luz elétrica, cooperativa de velas e sabonetes, hipermercados, padarias, lojas, restaurantes, bancas de trabalhadores informais, Igreja Universal do Reino de Deus (a segunda maior da cidade) somente uma praça de esporte e lazer, o Centro de Integração Familiar (CEIFAR), associações comunitárias, Liga Desportiva Quilombo do Beiru, dentre outras instituições e grupos.

Com relação aos equipamentos de educação, o Beiru/Tancredo Neves conta com quatro escolas públicas: i) Escola Municipal 22 de Abril (Ensino Fundamental I e EJA I); ii) Escola Municipal Maria da Conceição Santiago Imbassahy (Pré Escola e Ensino Fundamental I); iii) Escola Municipal Maria Dolores (Ensino Fundamental I e II e EJA I e II); iv) Escola Municipal Maria Felipa (Pré Escola e Ensino Fundamental I); v) Escola Municipal Professor Carlos Formigli (EJA TAP I, II e III).

Em relação ao equipamento de segurança pública, consta a 11° delegacia de polícia civil30; de saúde, o 6° Centro de Saúde Rodrigo Argollo, e de lazer uma praça que oferece opções de esporte e entretenimento. Além disso, a representatividade cultural é marcada pela presença de coletivos de cultura e associações comunitárias, como a Pinacoteca do Beiru31 e Associação Comunitária Carnavalesca Mundo Negro.

 

 

1 Associação que luta para a permanência do nome que remete à ancestralidade afrodescendente desde a década de 1980, além de desenvolver trabalho social no Beiru e em bairros próximos, como Mata Escura, Narandiba e São Gonçalo (BAIRRO MUDA DE NOME…, 1987). 

2 Segundo Costa (2018), a área onde está o Cabula, por conseguinte o Beiru/Tancredo Neves, era tida como estratégica, pois servia como passagem entre a capital e o interior, além de distante do núcleo urbanizado da cidade, ideal para o esconderijo dos escravizados fugidos e negros libertos. 

3 A cidade do Salvador, como era denominada no período colonial, chegou a ter 20 freguesias até o século XIX (NASCIMENTO, 2007), dentre elas, a Freguesia de Santo Antônio Além do Carmo, criada em 1646 e uma das maiores, era divida em dois distritos: o primeiro - Paço -  abrigava o núcleo urbano que tinha a Igreja de Santo Antônio como matriz; e o segundo - tinha características rurais, composto por arraiais, roças e quilombos (COSTA, 2018). As áreas que hoje se conhece como Cabula e Beiru/Tancredo Neves estão localizadas na delimitação que dizia respeito ao segundo distrito da referida freguesia (NASCIMENTO, 2007; COSTA, 2018).

4 Segundo Fernandes (2004, p. 2): “O Miolo de Salvador é assim denominado desde os estudos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano para a Cidade de Salvador (PLANDURB), da década de 1970. Este nome se deve ao fato da região situar-se, em termos geográficos, na parte central do município de Salvador, ou seja, no miolo da cidade. Possuindo cerca de 115 km, ele está entre a BR 324 e a Avenida Luiz Viana Filho, mais conhecida como Avenida Paralela [...]”. 

5 O bairro de Arenoso já foi uma área pertencente ao Beiru/Tancredo Neves. Além disso, segundo Martins (2017), esse era popularmente conhecido como terras dos padres Bentos. 

Segundo Sousa (1755) citado por Mascarenhas et al (2019), no período colonial, parte das terras do Cabula foram doadas à Casa de Niza por Tomé de Sousa - 1º Governador Geral do Brasil -, e passaram a ser administradas à distância pelo procurador da VII Marquesa de Niza, o capitão Thomás Silva Paranhos. Contudo, apesar de o direito de propriedade, por meio do título de nobreza concedido à Casa de Niza, pertencer à tal família, na prática, as terras eram ocupadas por pequenos agrupamentos de pessoas compostos pelas “camadas mais pobres da cidade, como pequenos agricultores e negros libertos”. Estes, por sua vez, formaram quilombos ao acolher os escravizados fugidos (MASCARENHAS et. al, 2019, pp. 5-6). 

7 De acordo com Costa (2018), em levantamento colaborativo realizado pelo projeto Turismo de Base Comunitária com a população do Cabula e bairros próximos, foram identificados 17 bairros na composição do antigo Quilombo do Cabula, dentre eles o Beiru/Tancredo Neves. 

8 Segundo Costa (2018), os terreiros e quilombos eram ocupados pelos povos bantos, iorubás e jejês, vindos do Congo e Angola; além de indícios da presença prévia de indígenas tupinambás, que acolheram os escravizados fugidos nesta área da cidade.

9 Segundo Martins (2017), com base nos registros eclesiásticos de terras da freguesia de Santo Antônio Além do Carmo, as terras pertencentes à VII Marquesa de Niza, que constituíam a área onde hoje conhecemos como bairro do Beiru, possivelmente foram vendidas a Thomás da Silva Paranhos em 1839 e, posteriormente, a dois proprietários: o Sr. Domingos José da Silva Couto e Dr. Antônio Garcia Brandão (1857-1863). 

10 Tanto o Cabula como os bairros circunvizinhos mantiveram-se com características semi-rurais até 1940, quando ocorreram novos loteamentos, vendas das fazendas e o início de intervenções estatais no miolo de Salvador, processo que engendrou a ocupação massiva e o adensamento populacional da área (FERNANDES et. al, 2017). 

11 Segundo Nicolin (2007 apud MOTA, 2016), o termo gbèru significa “ter medo”. Nesse mesmo texto, o autor traz também o significado de Sussuarana (súsu) - “atemoriza” -, dos povos Sussus de Serra Leoa. Todavia, Costa (2018), ao citar Castro (2001), aponta que o significado de Beiru é “mata escura, cerrada”, originário da língua fon (gberu) e yorubá (igbèrú). 

12 Algumas fontes citam que a família dona das terras da Fazenda Campo Sêco era Hélio Silva Garcia (ACCMN, 2007; Martins, 2017; MASCARENHAS et al 2019; SANTOS et al, 2010), outras apontam como a família Garcia D’Ávila (ACCMN, 2007; BAIRRO MUDA DE NOME…, 1987). A ACCMN (2007) cita ambas as denominações. 

13 O bairro do Beiru/Tancredo Neves também já foi pertencente a uma parcela da Fazenda Campo Sêco (atual Cabula VI).

14 Segundo Eldon Lage (Gígio), Beiru “foi comprado como os outros escravos da fazenda, mas adquiriu gratidão da família por tê-los defendido numa disputa com o ramo dos Garcia d’Ávila” (CORREIO DA BAHIA, 2005, p. 4). 

15 Embora este tenha sido o ano do marco legislativo que determina a abolição da escravidão no Brasil (Lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888), os escravizados libertos permaneceram trabalhando para os donos da Fazenda Campo Sêco até 1910. 

16 Essa opção por morar no Quilombo liderado por Beiru era resultado de sua relação com o outro, afinal nunca utilizava agressividade com os seus iguais. Além disso, em razão da “amizade” que tinha com a família Garcia, essa não se opunha à opção dos escravizados que assim escolhiam  (ACCMN, 2007). 

17 Mãe Olga fundou seu primeiro Terreiro na Baixa do Cabula, em 1953, até receber uma área no Beiru/Tancredo Neves e fundar o São Roque, em 1972.

18 Como é o caso do Candomblé de Rufino, importante referência simbólica e cultural, pois era neste Terreiro que os moradores se reuniam para discutirem e se organizarem politicamente no período da ditadura militar. 

19 Ver mais em Mapeamento de Terreiro de Salvador, estudo realizado pelo Centro de Estudos Afro Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Disponível em: http://www.terreiros.ceao.ufba.br/apresentacao

20 Como a Fonte de Nanã ou da Telha, situada no Terreiro Tumbenci, a da Bica e a do Papa. 

21 Existência de uma variedade de árvores, mangueira, sapotizeiro, coqueiros, gameleira, amendoeira, mangabeira, jaqueira, além de plantas medicinais como murtá, abricó, entre outras. 

22 Folha nativa do bairro, e sagrada para os cultos de matriz africana (MARTINS, 2017). 

23 Salvador teve um crescimento populacional a partir de 1940 e passou por intenso processo de expansão urbana entre os anos de 1950 e 1980. Em termos econômicos, a cidade passou por uma reformulação em suas atividades, antes fortemente baseadas no setor agrícola, para o desenvolvimento de atividades industriais na região metropolitana e no próprio município, o que atraiu intenso fluxo migratório regional e o decorrente crescimento populacional e pressão por expandir a área urbanizada da cidade e outros setores como comércio, serviços e construção civil. Foi em tal conjuntura que se formou o Escritório de Planejamento Urbanístico de Salvador (EPUCS), cujo estudo sobre a cidade e seu plano guiaram políticas de desenvolvimento urbano nas décadas seguintes. Um importante fruto do EPUCS foi a proposta de articulação das áreas centrais da cidade por meio de sua reestruturação viária com a implementação das Avenidas de Fundo de Vale, como por exemplo a Centenário (1949), a Vasco da Gama (1959), a Vale do Ogunjá (1978), Canela, Mário Leal Ferreira (Bonocô) (1970), entre outras (PLANMOB, 2017). Segundo Martins (2017), não havia projetos de desenvolvimento urbano para o Cabula e os bairros adjacentes; todavia, havia pequenos povoados, cuja hipótese da autora indica que os mesmos consistiriam em remanescentes de comunidades quilombolas. Acrescenta-se, ainda, que a área do “miolo” de Salvador começa a ser ocupada mais intensamente a partir de 1950, e teve influência de três processos: i) loteamento de áreas para construção de conjuntos habitacionais para classe média-baixa, financiados pelo Banco Nacional de Habitação (BNH); ii) loteamento de áreas para construção de habitações populares; iii) invasões em áreas de encostas, caracterizadas como habitações precárias. Além disso, com a implementação das primeiras avenidas, o vetor de expansão urbana foi direcionado para a Orla Atlântica, por meio da construção da Avenida Luis Viana Filho (Paralela) e Octávio Mangabeira (1971), junto com a mudança do Centro Administrativo da Bahia (CAB) e da Rodoviária e a construção do Shopping Iguatemi nesta região. Além desses eixos viários, que tiveram importância nas conexões regionais para o Acesso ao Litoral Norte, ao polo petroquímico na região de Camaçari e com o Aeroporto, a BR-324 e a Avenida Afrânio Peixoto (Suburbana) possibilitaram a ligação com a zona portuária da cidade (PLANMOB, 2017). 

24 A população do Beiru/Tancredo Neves é composta de 50.416 habitantes, em sua maioria negra (OBSERVATÓRIO DE BAIRROS DE SALVADOR, 2018). 

25 Projeto que visou atender aos servidores públicos do Centro Administrativo da Bahia (CAB) (MARTINS, 2017). 

26 Consistiu em um projeto integrado do Governo do Estado, realizado durante a gestão de João Durval Carneiro (1983-1987), o qual beneficiou, segundo o Jornal A Tarde, mais de 80 mil pessoas moradoras dos bairros do Beiru, Engomadeira e Barreiras com obras de macro e microdrenagem, muros de contenção, infraestrutura de água e esgoto, construção de equipamentos comunitários, bem como a regularização fundiária das áreas tidas como invasões. Ver mais em “Projeto Beiru beneficia mais de 80 mil pessoas”.

27 Tancredo Neves era advogado, empresário e político brasileiro, primeiro presidente do Brasil eleito após 21 anos de ditadura, porém não foi empossado pois veio a falecer no dia 21 de abril de 1985.

28 De acordo com Dionísio Juvenal, das 5.500 pessoas votantes, 5.000 votaram a favor da mudança de nome para Tancredo Neves, que segundo eles seria um presidente “honroso”, em contraposição a 500 pessoas que eram contra a mudança do nome ou a favor da permanência do nome Beiru (Bairro muda de nome mas os problemas continuam..., 1987).

29 Dois anos após a sanção da Lei nº 10.639/2003 que tornava obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares do ensino fundamental e médio, e dava respaldo legal para a reivindicação do nome Beiru. 

30 Situada entre o bairro do Beiru e o bairro de Arenoso. 

31 Para mais informações, acessar: https://observatoriobairrossalvador.ufba.br/pinacoteca-do-beiru.

 

REFERÊNCIAS:

ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA E CARNAVALESCA MUNDO NEGRO. Beiru. Salvador: 2007. (Edição Educativa, n°1).

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SOBRE AS AUTORAS:

* Isabella Illana Ferreira Lopes é mestranda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), bacharela em Urbanismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e pesquisadora colaboradora no observaSSA. 

** Analu Garcia Borges é doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), bacharela em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pesquisadora colaboradora no observaSSA desde 2021.

*** Mayara Mychella Sena Araújo é Doutora e Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bacharela em Urbanismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Atualmente é Professora Adjunta da Faculdade de Arquitetura da UFBA e coordenadora do observaSSA. 

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